Beyoncé e Levi’s: como identidade cultural molda relevância e sentido numa collab além do produto.
Como usar essa ferramenta estratégica para marcas que querem construir pertencimento com autenticidade e profundidade narrativa.
A força das narrativas que se cruzam.
Lançado em março de 2024, Cowboy Carter não é apenas o oitavo álbum de estúdio de Beyoncé. É um projeto artístico que reposiciona o country a partir de uma perspectiva negra e feminina, atualizando um gênero historicamente associado à branquitude.
Ao se apropriar dos símbolos do faroeste americano, Beyoncé amplia os limites da narrativa musical e tensiona discursos de identidade e pertencimento. A Levi’s, por sua vez, tem sua história marcada pelo jeans como ícone cultural, do trabalhador ao cowboy, do roqueiro ao rebelde.
Ao se unir à cantora, a marca não busca apenas visibilidade, mas uma atualização simbólica. A campanha nasce desse alinhamento, de um lado, uma artista que reescreve códigos culturais, do outro, uma marca que reconhece a necessidade de se reposicionar a partir dessas novas leituras.
Capítulos como estratégia de atenção.
REIMAGINE, nome da campanha, é dividida em três filmes, “Launderette”, “Pool Hall” e “Refrigerator”, que reencenam antigos anúncios da Levi’s sob a direção criativa de Beyoncé. Não são apenas releituras estéticas, mas novas interpretações carregadas de intenção e contexto.
Cada episódio se conecta ao anterior, mantendo a narrativa viva e relevante. A distribuição multicanal reforça essa construção: a campanha vive em comerciais, redes sociais, ativações físicas e experiências digitais. O escalonamento entre os capítulos garante não só picos de atenção, mas consistência simbólica em todos os pontos de contato com o público.
Além do marketing de influência.
A diferença dessa collab está na profundidade da parceria. Beyoncé não é apenas o rosto da campanha, ela atua como coautora, influenciando a linguagem, o visual e os significados envolvidos.
A Levi’s se permite ser reinterpretada e cocriada, transformando um simples endorsement em um projeto cultural compartilhado.
Relevância se constrói com sentido.
Marcas que desejam relevância hoje não podem se contentar com alcance. Elas precisam construir significado. E isso só acontece quando há alinhamento real entre mensagem, intenção e território simbólico. Abrir espaço para vozes externas não é fragilidade estratégica, mas uma forma sofisticada de amplificar narrativas.
Ao reconhecer o artista como parceiro intelectual e criativo, a marca passa a participar de conversas culturais com autenticidade. É assim que se deixa de vender apenas um produto e se começa a construir pertencimento, algo que, na comunicação contemporânea, é muito mais valioso.